8/31/2007

EXPEDICION SUDAMERICANA

16/08/07

RIO DE JANEIRO

Deixamos Buenos Aires para trás, admirados por este enclave de uma sociedade moderna no fundo de um continente ainda em definição.

Avião às cinco da manhã para chegar ao Rio de Janeiro pouco depois das oito. Voo da TAM cancelado e uma grande volta no programa. Com uma inesperado escala em São Paulo, chegamos ao Rio apenas ao início da tarde. Chegar ao centro e check-in no hotel, estamos prontos apenas ao pôr-do-sol. Ou seja, um dia perdido no Rio...

17/08/07

No centro, onde o turismo não chega

Hoje batemos recordes. Visita pelo centro, subida a Santa Teresa no típico “bondinho”, serviço shuttle ao Corcovado, fotografia no Sambódromo (graças a uma paragem técnica), pôr-do-sol no Pão-de-Açucar e jantar na Lagoa. Melhor era impossível. Podíamos vender este pacote turístico – Rio de Janeiro (sem praias) em 24h.

Mesmo com expectativas, o Rio de Janeiro vale a fama que tem. Povo relaxado, vida boa (para quem pode), vista deslumbrante de qualquer morro, bom atendimento comercial e, surpreendentemente, uma sensação de segurança como ainda não tínhamos experimentado desde Chapecó.


Próximo do hostel com o Corcovado ao fundo
Vista nocturna sobre duas beldades, uma das quais a praia de Botafogo

Parece que desde os Jogos Pan-americanos que há bastante policiamento nas ruas. Mesmo que sejam só carros patrulha parados com as sirenes ligadas 24 horas por dia, conferem certamente mais segurança. Pelo menos connosco, enquanto turistas, funciona.

Quanto ao que vimos, sabe melhor a experiência do que o relato. O centro é autêntico, sem pretensões turísticas, com ruas de nomes engraçados como a “Carioca” e uma intensa actividade comercial onde a distribuição de panfletos parece ser a forma de publicidade preferida.

No "bondinho", onde estudantes e idosos vão de graça... mas só entram depois dos pagantes

De seguida a subida pelo “bondinho”, onde o próprio motorista, cobra as entradas, enquanto inexplicavelmente os três colegas de gabinete ignoram a fila e entretêm-se na conversa, algo que, numa análise muito superficial podia aumentar o número de viagens em pelo menos 30%. Público haveria, certamente, já que aqueles que vão perigosamente pendurados nas laterais poderiam ter o assento que merecem. (curiosamente, estudante e idosos têm acesso gratuito mas, mesmo em época baixa, já só têm lugar entalados ou pendurados...)


Lá em cima, a "maravilha do Mundo" é mesmo a vista soberba sobre a cidade

O Corcovado, ou Cristo Redentor, vale pela soberba vista sobre a cidade. Presumo que a classificação como nova maravilha do mundo valha pela posição privilegiada e não pelo bloco de cimento que, lá do topo abre os braços à cidade.


O Pão de Açucar, onde só há duas formas de subir: de teleférico ou a escalar



Vê-se tudo, mesmo as favelas que se teimam em esconder. Do Pão-deAçúcar, comprovamos a maravilha da vista diurna, do pôr-do-sol e da vista nocturna. Ainda para mais quando isto se encaixa tudo em apenas uma hora. É tudo muito turístico obviamente, mais uma vez, mas vale a visão esplêndida sobre a “maravilhosa”. No Monte da Ursa, a um teleférico de distância do Pão-de-Açucar

O casalinho de costas para o pôr-do-sol visto do Pão-de-Açucar

18/08/07

Em Ipanema

O dia da partida, o fim da viagem!
Hoje perdemos o espírito de viajantes e encarnamos em meros turistas.


A beber uma água de coco no calçadão
O mesmo calçadão onde a Sara disse com alguma razão: "Isto até é parecido com a Figueira"


Aproveitanto o tempo que ainda falta, deambulamos pelo calçadão de Copacabana onde bebemos a água-de-coco e caipirinha da praxe. É Inverno aqui mas melhor Verão do que em Portugal. A praia está composta, o calor aperta e o escaldão vai marcando o descuido da falta de creme próprio. Um pouco mais à frente, em Ipanema, comprovo o Verão e mergulho nesta minha primeira praia do sul. Fantástico!


É mesmo calçada portuguesa
Apesar da Sara desmentir, continuo a acreditar que a minha paragem foi solicitada repentinamente (veja-se a minha figurinha) só para fotografar o "pão" que vinha a passar


Toda a viagem foi uma grande experiência e o Rio de Janeiro, sem dúvida, será novamente ponto de passagem ou até de destino no futuro. Tanto que vimos mas que também ficou por ver.


Nunca surf e pesca estiveram tão próximos

Esta foi a viagem mais inesperada da minha vida. Não fossem os motivos familiares e tão cedo não teria olhado para o sul das Américas. Foi também a viagem que mais surpreendeu. Quem diria que de um momento para o outro íamos trocar a sedutora mas previsível Barcelona por um cantinho deste mundo que tem ainda tanto por ver.



Venha a saúde, o dinheiro e os dias de férias para que uma nova aventura nos possa continuar a moldar a perspectiva sobre o mundo!


Em Ipanema, onde dei o meu primeiro mergulho nos mares do sul

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13-15/08/07

BUENOS AIRES



À espera após o check-in para a viagem no "avião"

Entrega de bagagens, imigração, check-in, viagem, recolha de bagagens, e segurança. Este ritual de viagem tem tudo de aeroporto mas aqui foi mesmo de ferry boat. Impossibilitados devido aos horários de viajar no ferry mais lento e porventura romântico, somos obrigados a recorrer ao “avião” que nos levou ao outro lado do rio em apenas uma hora (o outro levaria três horas...)



Na Calle Florida, onde o empregado de café não tem vergonha de assumir que vai ficar com o troco do expresso

Do outro lado encontramos uma cidade ainda cinzenta da neblina matinal. Ficamos um pouco confusos ao consultar os mapas de Buenso Aires. Ao contrário das outras cidades que visitámos, o centro não fica bem no centro dos pontos de interesse, estendendo-se longos quilómetros que nos levarão a dividir a visita por diferentes bairros.

Surpreende-nos logo a calle Florida que não passando de uma pequena rua no mapa, se revela o coração da cidade, no que concerne ao fluxo de pessoas que trabalham, visitam, vendem, mendigam, actuam ou, mais simplesmente, definem o espírito da cidade.



Uma rua de San Telmo, o bairro do tango e dentro de um centro comercial com frescos no tecto (já não pingavam)

Desconfiamos que o resto do país será bem diferente desta rua comercial. Afinal de contas, se me tivessem à socapa enfiado num avião e me desvendassem os olhos aqui, juraria que estava em Londres ou noutra cidade do norte da Europa, não só pelos edifícios como pelas pessoas, a sua forma de estar e vestir.

Que surpresa Buenos Aires. Tal como as cidades anteriores, nunca tinha pensado como seria esta. Talvez porque nunca pensei vir a andar por estas bandas. Esse é, aliás, um dos factos mais deslumbrantes desta viagem.

Excluindo o Rio de Janeiro, não fazíamos ideia do que viríamos encontrar nem involuntariamente criámos expectativas. Descoberta pura!


Plaza de Mayo e a Sara a apanhar boleia numa avenida com 12 faixas... só num sentido. O recorde foi uma avenida com 20 faixas (7 para cada lado mais duas estradas de 3 faixas nas laterais). Mas pelo que vi, acredito que haja com mais faixas...

Procuramos por Tango, preferencialmente fora do circuito turístico. Não existe. Parece que esta referência internacional vive do e para o turismo. Aproveitamos para comprar alguns CDs que aqui são ao preço da chuva e resignamo-nos a um espectáculo de restaurante para turista ver, encabeçado por um cantor que apenas mancha o brilho e o calor da música e dos harmoniosos dançarinos.

Em frente ao Museu de Arte e numa rua... com arte.

Aproveitamos para perceber um pouco mais sobre a família Peron mas, sinceramente, sinto que nos é dada apenas uma perspectiva da sua memória no museu. Para um apelido tão polémico, em particular da própria Eva Peron, procuro mas não encontro na nossa visita o porquê de um personagem que muito fez pela comunidade mas que, por algum motivo, tem ainda hoje, após mais de 50 anos da sua morte, tantos apoiantes como oponentes.

O famoso caminito, meca da exploração do turista, onde vimos inclusive o Diego Maradona... ou um sósia. Mas tou em crer que era o verdadeiro que estava lá na sua nova profissão a tirar fotografias ao lado de turistas.

Como não podia deixar de ser, procurámos o famoso “Caminito” em La Boca onde se podem encontrar casas típicas pintadas de cores garridas com os restos de tinta dos barcos desta zona piscatória. Infelizmente, para lá chegar é preciso atravessar um perigoso subúrbio, da cidade onde no turismo nos traçam logo uma linha que não devíamos transpor. Fizemos por nos manter do lado correcto da estrada mas mesmo assim, de olhos bem abertos, ficámos satisfeitos por chegar ao nosso destino após cruzarmos um pouco da realidade portenha.

Não é preciso vir a La Boca para descobrir a grande pobreza que ainda avassala a cidade. Mal o sol se põe, inúmeros colectores de lixo examinam minuciosamente os resíduos que ainda possam ser aproveitados. A pé, de carroça ou em carrinhas, individualmente ou em grupo, sacos e caixotes de lixo são revirados uma e outra vez para que alguns possam ainda sobreviver nesta que é, apesar do aparente desenvolvimento, uma das mais pobres economias da América Latina.



Esta tinha poucas faixas. Há direita, na foto, está uma flor metálica que abre e fecha todos os dias... óptima para desbravar corações de ferro.

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11/08/07

MONTEVIDEO

O avião segue para sul com as pampas lá em baixo. São centenas de quilómetros de áreas alagadas por um longo delta que se estende até ao Rio da Prata. Descemos, assim, com o rio Paraná que vem já desde Minas Gerais e que pelo caminho é aprisionado pela barragem de Itaipu, por onde passámos, alimentado pelo rio Iguaçu que nasce junto ao mar (Curitiba) e que percorre o continente para ocidente até começar a cair para sul nas cataratas às quais deu o nome. Mais à frente junta-se ainda ao rio Paraguai que banha Assuncion mas que nasce igualmente no Brasil, neste caso em pleno pantanal.


No Mercado do Porto onde se concentra aos Sábados uma multidão de gente para almoçar

Aterramos finalmente em Montevideo (Uruguai) e apanhamos novo autocarro para o centro. Chegamos mesmo a tempo de ir almoçar ao mercado do porto. Do que vimos nada tem de mercado. Apenas, e não é pouco, um completo espaço de restauração odne predominam as carnes, em particular a bovina, tão típica deste povo gaúcho.

Ainda no mercado

Gostei! Apesar da forte pressão comercial por parte dos restaurantes, este parece ser o ponto de eleição para os almoços sociais de Sábado e um bom ponto de partida para conhecer a cidade.

Edifícios antigos e com fachadas europeias ladeiam a Av. 9 de Julho, artéria comercial que hoje está apenas a meio gás. Numa das praças que interrompem a avenida, um grupo de seniores substitui a confusão do quotidiano semanal e dançam um tango simples ao som da música proporcionada por umas colunas públicas. Em pares alternados e de forma totalmente desinteressada pelos poucos e irregulares transeuntes, estes “velhotes” de semblante triste e nostálgico, representam uma das melhores facetas culturais deste povo – o tango.


Pelas ruas de Montevideo

Impulsionados por este grupo, optamos por ir ver um pequeno musical de tango que estreia hoje e que comprova o saudosismo deste povo pelo passado, internacionalizando assim o conceito da “saudade” que, segundo dizem, na minha opinião erradamente, só existe na cultura portuguesa.



Montevideo não tem muito que ver para um turista de passagem. Para além do mercado e de umas praças e edifícios engraçados, será necessário encontrar algo para fazer durante meio dia para além disto. Salvou-nos o musical.

12/08/07

COLONIA DEL SACRAMENTO

Quem diria que aqui no meio de hispânicos, encontraríamos uma pequena povoação fundada por portugueses no tempo em que o Brasil ainda era Portugal. Localizada numa posição privilegiada no Rio de la Plata, na margem oposta a Buenos Aires, fomos descobrir Colonia del Sacramento.


Este primeiro carro tinha uma mesinha para jantar lá dentro :)
Linha de água do Rio de la Plata

Aqui, onde existe um museu à memória portuguesa, ainda é possível ver as 5 quinas da nossa bandeira e, segundo algumas pessoas, casas típicas portuguesas que infelizmente não identifico, fruto talvez de uma natural mistura cultural que nesta terra se confunde mais do que em qualquer outra, tantas foram as invasões a que foi sujeita.


Aquela coisinha no meio das pernas era o termo. No Uruguai, em todo o lado, novos e velhos, ricos e pobres, andam sempre com um termozinho atrás para beber o famoso chá mate. É doentio......
A Sara no topo do Farol, depois de subir uma arrepiante escada de caracol

Actualmente, porém, é um relaxante histórico e romântico destino turístico, onde afluem sobretudo os argentinos portenhos de Buenos Aires. O melhor deste local? Talvez os inúmeros automóveis clássicos que por aqui se vêm, um dos quais inclusive a fazer de esplanada de um pequeno restaurante.

As cores são do Paraguai mas o Barco está mesmo no Uruguai. A água castanha e o tempo frio é que não convidam a mergulhos.

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8/30/2007

EXPEDICION SUDAMERICANA

9/08/07

ASSUNCION

Entramos agora no Paraguai com a nossa confiança integralmente depositada no motorista do táxi. Teve que ser um taxista da confiança do hotel, caso contrário, podiamo-nos ter dado mal... Os guias indicam que a “Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai é “susceptível de assaltos”. Pergunto-me como pode algo, sabido por todos e cuja área se limita aos passeios de uma ponte com cerca de 300m de comprimento, ser considerado um local perigoso.

Ainda junto à fronteira em Ciudad del Este

Pois bem, descubro hoje que assim deve ser de facto, pois chegámos ao 3º mundo. Nesta ponte caminha-se claramente do 2º para o 3º mundo. Vou tentar descrever a ponte em palavras soltas: soldados armados, passeios laterais delimitados por redes de aço, vendedores ambulantes até mais não, carros com vidros escurecidos, capacetes opcionais, sensação estranha de, segundo o passaporte não estar em nenhum país, ambiente de impunidade e crer absoluto de que num momento oportuno, qualquer uma das pessoas que por ali estavam, quer de forma legítima ou ilegítima, deixar-me pendurado só com a roupa do corpo.

Felizmente a nossa confiança foi bem depositada no Sr. Dério. Felizmente também que há cambistas clandestinos mas perfeitamente aceites pelas autoridades neste pais, caso contrário a saída desta localidade fronteira de Ciudad del Este teria sido mais morosa. Apesar de 95% dos negócios desta cidade serem feitos fora da lei, não será propriamente selvagem, uma vez que centenas de brasileiros cruzam diariamente a fronteira para fazer compras que aqui, sem impostos, são mais baratas. Mesmo assim, pusemos logo de parte a possibilidade de visitarmos o centro da cidade e optámos por sair rápido dali.



Tinha uma leve esperança de paisagens fantásticas pelo caminho mas o tema não variou muito. No horizonte apenas planícies cultivadas, vacas magras e colónias de formigas escondidas sob montes de terra vermelha. Acrescente-se também o incrível que é cobrar portagens numa estrada banalíssima e onde o autocarro não ultrapassa os 80km/h. Mas pronto, isso é lá com eles que já pagámos o bilhete.


Luís na "downtown" e com a Sara a beber uma litrada de "jugo" (sumo)

A chegada a Assuncion fez-se pelo interior de um contínuo mercado de rua onde tudo se vende. Somos “depositados” num terminal rodoviário a sudeste do centro da capital. Por mera sorte, apanhamos o autocarro certo e somos levados, enquanto contamos as ruas, até bem perto do hotel que não é mais do que um dos monumentos da cidade, uma vez que a sua origem colonial vem já do séc. XIX, quando era ainda residência dos primeiros líderes do país.

Falta-nos o ar em Assuncion. A cidade estende-se por muitos quilómetrosmas no centro histórico contam-se poucas dezenas de edifícios que ultrapassem os três andares. Mesmo assim o ar falta. Está um pouco abafado, é certo, mas a culpa deste ar pesado é da poluição. Automóveis, autocarros e camiões com idade média de 30 ou 40 anos fazem desta cidade com pouco trânsito a mais poluída que já conheci.

Muita miséria mas tinha que haver um palácio governativo.

Assuncion faz lembrar um filme ou o jogo de computador “Trópico”. Convém referir que a democracia tem poucos anos aqui e que diariamente são expostas no jornal situações de corrupção, abuso de poder, manipulação dos media, quer dizer, de certa forma já estamos habituados a isso em Portugal mas aqui parece que faz parte do enredo.


O patriotismo da Nossa Senhora do Paraguai e o respeitoso arrear da bandeira em frente ao panteão nacional.

Polícias e militares armados espreitam em cada esquina, vendedores ambulantes, crianças mendigam ou oferecem o seu trabalho e cambistas de rua passam o dia em frente a casas de câmbio oficiais, trocando por vezes notas verdadeiras por falsas a turistas mais azarados.

Bem, se trocássemos o nosso T2 de 60m2 por esta casa colonial no centro de Assuncion... ainda eramos capazes de ficar com uns trocos.

Atracções tem poucas mas gratuitas e cuidadas. Não se visita mas é imponente o branco e majestoso palácio governativo que, acredito eu, marca presença neste e noutros países da América Latina.


A zona para onde já não devíamos ir e duas crianças junto ao rio acompanhadas do seu Terere.

No que concerne à gastronomia, creio que não tivemos muita sorte. Comemos umas chipas (biscoitos de milho), uma sopa Paraguaia (de milho) e uma espécie de tortilha pastilha elástica (também de milho). Tentámos, mas não obrigado.

Todo este cenário pode parecer negativo. Porém, foi o local, até agora que mais me fascinou, um pouco pelo risco de ser assaltado se sair da rua principal aliado ao evidente exotismo de todo este mundo diferente, onde as compras se fazem aos 1000 guaranis e onde a miséria convive com uma pequena e privilegiada elite.






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