EXPEDICION SUDAMERICANA
9/08/07
ASSUNCION
Entramos agora no Paraguai com a nossa confiança integralmente depositada no motorista do táxi. Teve que ser um taxista da confiança do hotel, caso contrário, podiamo-nos ter dado mal... Os guias indicam que a “Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai é “susceptível de assaltos”. Pergunto-me como pode algo, sabido por todos e cuja área se limita aos passeios de uma ponte com cerca de 300m de comprimento, ser considerado um local perigoso.
Ainda junto à fronteira em Ciudad del Este
Pois bem, descubro hoje que assim deve ser de facto, pois chegámos ao 3º mundo. Nesta ponte caminha-se claramente do 2º para o 3º mundo. Vou tentar descrever a ponte em palavras soltas: soldados armados, passeios laterais delimitados por redes de aço, vendedores ambulantes até mais não, carros com vidros escurecidos, capacetes opcionais, sensação estranha de, segundo o passaporte não estar em nenhum país, ambiente de impunidade e crer absoluto de que num momento oportuno, qualquer uma das pessoas que por ali estavam, quer de forma legítima ou ilegítima, deixar-me pendurado só com a roupa do corpo.
Felizmente a nossa confiança foi bem depositada no Sr. Dério. Felizmente também que há cambistas clandestinos mas perfeitamente aceites pelas autoridades neste pais, caso contrário a saída desta localidade fronteira de Ciudad del Este teria sido mais morosa. Apesar de 95% dos negócios desta cidade serem feitos fora da lei, não será propriamente selvagem, uma vez que centenas de brasileiros cruzam diariamente a fronteira para fazer compras que aqui, sem impostos, são mais baratas. Mesmo assim, pusemos logo de parte a possibilidade de visitarmos o centro da cidade e optámos por sair rápido dali.
Tinha uma leve esperança de paisagens fantásticas pelo caminho mas o tema não variou muito. No horizonte apenas planícies cultivadas, vacas magras e colónias de formigas escondidas sob montes de terra vermelha. Acrescente-se também o incrível que é cobrar portagens numa estrada banalíssima e onde o autocarro não ultrapassa os 80km/h. Mas pronto, isso é lá com eles que já pagámos o bilhete.
Luís na "downtown" e com a Sara a beber uma litrada de "jugo" (sumo)
A chegada a Assuncion fez-se pelo interior de um contínuo mercado de rua onde tudo se vende. Somos “depositados” num terminal rodoviário a sudeste do centro da capital. Por mera sorte, apanhamos o autocarro certo e somos levados, enquanto contamos as ruas, até bem perto do hotel que não é mais do que um dos monumentos da cidade, uma vez que a sua origem colonial vem já do séc. XIX, quando era ainda residência dos primeiros líderes do país.
Falta-nos o ar em Assuncion. A cidade estende-se por muitos quilómetrosmas no centro histórico contam-se poucas dezenas de edifícios que ultrapassem os três andares. Mesmo assim o ar falta. Está um pouco abafado, é certo, mas a culpa deste ar pesado é da poluição. Automóveis, autocarros e camiões com idade média de 30 ou 40 anos fazem desta cidade com pouco trânsito a mais poluída que já conheci.
Muita miséria mas tinha que haver um palácio governativo.
Assuncion faz lembrar um filme ou o jogo de computador “Trópico”. Convém referir que a democracia tem poucos anos aqui e que diariamente são expostas no jornal situações de corrupção, abuso de poder, manipulação dos media, quer dizer, de certa forma já estamos habituados a isso em Portugal mas aqui parece que faz parte do enredo.
O patriotismo da Nossa Senhora do Paraguai e o respeitoso arrear da bandeira em frente ao panteão nacional.
Polícias e militares armados espreitam em cada esquina, vendedores ambulantes, crianças mendigam ou oferecem o seu trabalho e cambistas de rua passam o dia em frente a casas de câmbio oficiais, trocando por vezes notas verdadeiras por falsas a turistas mais azarados.
Bem, se trocássemos o nosso T2 de 60m2 por esta casa colonial no centro de Assuncion... ainda eramos capazes de ficar com uns trocos.
Atracções tem poucas mas gratuitas e cuidadas. Não se visita mas é imponente o branco e majestoso palácio governativo que, acredito eu, marca presença neste e noutros países da América Latina.
A zona para onde já não devíamos ir e duas crianças junto ao rio acompanhadas do seu Terere.
No que concerne à gastronomia, creio que não tivemos muita sorte. Comemos umas chipas (biscoitos de milho), uma sopa Paraguaia (de milho) e uma espécie de tortilha pastilha elástica (também de milho). Tentámos, mas não obrigado.
Todo este cenário pode parecer negativo. Porém, foi o local, até agora que mais me fascinou, um pouco pelo risco de ser assaltado se sair da rua principal aliado ao evidente exotismo de todo este mundo diferente, onde as compras se fazem aos 1000 guaranis e onde a miséria convive com uma pequena e privilegiada elite.
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